A osteotomia sagital da mandíbula é um procedimento cirúrgico amplamente utilizado na cirurgia ortognática para correção de deformidades dentofaciais, como a retrognatia mandibular, prognatismo e outras alterações esqueléticas que afetam a função mastigatória e a estética facial. Este artigo aborda detalhadamente os aspectos clínicos, técnicos, indicações, contra-indicações, etapas cirúrgicas, complicações e cuidados pós-operatórios relacionados à osteotomia sagital da mandíbula.
A osteotomia sagital da mandíbula é uma técnica cirúrgica que consiste na realização de cortes ósseos sagitais (no sentido da largura da mandíbula) para reposicionar os ramos mandibulares e o corpo da mandíbula. O objetivo é corrigir discrepâncias esqueléticas entre a maxila e a mandíbula, proporcionando melhorias na oclusão dentária, funcionalidade e harmonia facial.
Esse procedimento é geralmente indicado quando há deformidades esqueléticas que não podem ser corrigidas apenas com tratamento ortodôntico, como mandíbulas muito avançadas, recuadas, assimetrias ou discrepâncias verticais. A técnica favorece a mobilização do segmento mandibular com preservação da vascularização e da inervação, principalmente do nervo alveolar inferior.
A osteotomia sagital da mandíbula teve seu desenvolvimento inicial na década de 1950 e 1960. As primeiras técnicas envolviam cortes ósseos mais invasivos, com maior morbidade e risco de complicações. Com o avanço da cirurgia maxilofacial, a técnica foi refinada para permitir melhor acesso cirúrgico, menor dano aos tecidos moles, e maior estabilidade pós-operatória.
Atualmente, a técnica que leva o nome de “Osteotomia Sagital da Mandíbula”, como é mais conhecida, foi padronizada por Trauner e Obwegeser (1957), sendo modificada posteriormente por Obwegeser e Dal Pont para melhorar a estabilidade e segurança do procedimento.
As principais indicações incluem:
Embora seja um procedimento com alta taxa de sucesso, existem algumas contraindicações que devem ser consideradas pelo cirurgião, incluindo:
O sucesso da osteotomia sagital da mandíbula depende fundamentalmente de um planejamento detalhado, multidisciplinar e individualizado. O ortodontista e o cirurgião maxilofacial trabalham em conjunto para estabilizar a dentição, corrigir maloclusões e preparar o paciente para o procedimento cirúrgico.
Os exames necessários incluem:
O planejamento digital 3D tem se mostrado ferramenta significativa para simular o resultado cirúrgico e antecipar possíveis complicações.
Durante a osteotomia sagital da mandíbula, é imprescindível atentar para a integridade do nervo alveolar inferior, que percorre o canal mandibular. A lesão desse nervo pode resultar em parestesia temporária ou permanente do lábio inferior, queixo e mucosa gengival.
Além disso, deve-se considerar a posição dos vasos sanguíneos, o volume ósseo disponível para a fixação dos segmentos e a musculatura envolvida na movimentação mandibular.
O procedimento geralmente é realizado sob anestesia geral com intubação orotraqueal. As etapas básicas incluem:
Realiza-se uma incisão intraoral na mucosa da região ramus mandibular, preservando as estruturas nervosas e vasculares.
É feito o descolamento cuidadoso do periósteo para expor a face lateral do ramo mandibular, respeitando a integridade do nervo alveolar inferior.
Utilizando instrumentos como serra fina ou osteótomos, realizam-se incisões ósseas sagitais: um corte na face lateral e outro na face medial do ramo da mandíbula, promovendo a separação do segmento posterior (cóndilo e ramo) e anterior (corpo e região mentoniana).
Após a osteotomia, os segmentos são reposicionados conforme o planejamento, podendo ser avançados, recuados ou corrigidos lateralmente para obter a oclusão adequada e a estética facial desejada.
A fixação rígida é realizada com placas e parafusos de titânio, que garantem a estabilidade durante o processo de cicatrização e minimizam a necessidade de imobilização intermaxilar prolongada.
A incisão é suturada com fios absorvíveis, e após o procedimento o paciente é encaminhado para recuperação.
O acompanhamento pós-operatório é essencial para o sucesso da osteotomia. Os cuidados recomendados incluem:
Como em qualquer procedimento cirúrgico, a osteotomia sagital da mandíbula pode apresentar complicações, que devem ser prevenidas e tratadas adequadamente:
Os resultados da osteotomia sagital da mandíbula são geralmente satisfatórios, proporcionando melhorias estéticas e funcionais significativas. Quando bem indicada e executada, a técnica oferece alta taxa de sucesso e recuperação rápida.
É importante destacar que a colaboração do paciente no pré e pós-operatório, assim como o planejamento integrado entre ortodontista e cirurgião, são fatores determinantes para o prognóstico favorável.
A osteotomia sagital da mandíbula representa um avanço significativo no tratamento das deformidades dentofaciais, garantindo não apenas uma melhor função mastigatória, mas também aumento da autoestima e qualidade de vida dos pacientes. Com o aprimoramento das técnicas cirúrgicas, métodos de diagnóstico e planejamento digital, esse procedimento tem se tornado cada vez mais seguro e eficaz.
Para tanto, é fundamental que o profissional envolvido esteja atualizado quanto às indicações, técnicas e cuidados específicos, sempre buscando a individualização do tratamento conforme as características de cada paciente.
Em resumo, a osteotomia sagital da mandíbula é um importante recurso terapêutico em odontologia e cirurgia maxilofacial, que traz uma melhora significativa na saúde bucal e bem-estar dos pacientes com deformidades esqueléticas mandibulares.
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