Odontologia

Mepivacaína: Guia Completo do Anestésico Local na Prática Odontológica

Mepivacaína: Guia Completo do Anestésico Local na Prática Odontológica

A mepivacaína é um anestésico local amplamente utilizado na prática odontológica para proporcionar analgesia eficaz durante procedimentos clínicos. Seu uso é fundamental para o controle da dor, tornando possíveis intervenções que seriam desconfortáveis ou inviáveis sem anestesia adequada. Neste artigo, abordaremos as características, indicações, farmacologia, efeitos colaterais, contraindicações e cuidados necessários ao utilizar a mepivacaína na odontologia.

O que é Mepivacaína?

A mepivacaína é um anestésico local do grupo dos aminoamidas, caracterizada por seu início de ação rápido e duração intermediária. Quimicamente, trata-se de um anestésico amida, semelhante à lidocaína, porém com propriedades distintas que o tornam útil em diversos contextos clínicos.

Ela atua bloqueando os canais de sódio nas membranas das fibras nervosas, impedindo a propagação do impulso nervoso e, consequentemente, a percepção da dor.

Farmacologia da Mepivacaína

Ao contrário dos anestésicos do tipo éster, que são rapidamente hidrolisados por enzimas plasmáticas, a mepivacaína é metabolizada principalmente no fígado. Sua fórmula molecular permite uma boa penetração nos tecidos, e seu perfil farmacocinético é caracterizado por:

  • Início de ação: geralmente entre 2 a 3 minutos.
  • Duração da analgesia: cerca de 30 a 90 minutos, dependendo da dose e da técnica aplicada.
  • Método de metabolização: hepático, o que implica cuidados em pacientes com disfunção hepática.

A mepivacaína pode ser formulada com ou sem vasoconstritor, sendo que a forma sem vasoconstritor possui menos influência sobre o fluxo sanguíneo local, levando a um início rápido e duração moderada da anestesia.

Indicações na Odontologia

Na odontologia, a mepivacaína é indicada para anestesiar dentes e tecidos moles em procedimentos diversos, tais como:

  • Extrações dentárias.
  • Tratamento de canal (endodontia).
  • Cirurgias menores.
  • Procedimentos restauradores.
  • Anestesia em bloqueios e infiltrações.

Devido à ausência ou baixa concentração de vasoconstritor em algumas formulações, a mepivacaína é recomendada para pacientes em que o uso de adrenalina deve ser evitado, como portadores de doenças cardiovasculares.

Vantagens da Mepivacaína

Entre os principais benefícios da mepivacaína, destacam-se:

  • Início rápido: permite maior agilidade nos atendimentos odontológicos.
  • Boa duração: adequada para procedimentos de duração curta a média.
  • Baixa vasodilatação: a mepivacaína causa menos vasodilatação que a lidocaína, conferindo uma duração de efeito mais longa se usada sem vasoconstritor.
  • Perfil seguro: amplamente aceita e com baixa incidência de alergias, especialmente pela ausência de grupos éster.
  • Versatilidade: pode ser usada em diversas técnicas anestésicas, como bloqueios, infiltrações e anestesia intrapulpal.

Contraindicações e Precauções

Embora a mepivacaína seja considerada segura, existem situações em que seu uso deve ser evitado ou feito com cautela:

  • Hipersensibilidade: pacientes com alergia conhecida a anestésicos do grupo amida não devem receber mepivacaína.
  • Doenças hepáticas graves: devido ao metabolismo hepático, em casos de insuficiência hepática a eliminação do fármaco pode estar comprometida.
  • Doenças cardiovasculares descompensadas: especialmente quando associada a vasoconstritores, embora a mepivacaína pura possa ser preferida em algumas situações.
  • Gravidez e lactação: deve ser usada com precaução, avaliando o risco-benefício.

Além disso, é fundamental que se respeite a dose máxima recomendada para evitar toxicidade sistêmica.

Efeitos Adversos e Toxicidade

Os efeitos adversos da mepivacaína geralmente estão relacionados a doses excessivas ou administração inadvertida na corrente sanguínea. Podem ocorrer:

  • Toxicidade sistêmica: manifestações neurológicas como tonturas, zumbido, tremores, e em casos graves, convulsões e depressão respiratória.
  • Reações alérgicas: embora raras, podem ocorrer reações locais ou sistêmicas incluindo urticária, edema ou choque anafilático.
  • Reações locais: dor no local da aplicação, hematomas e edema.

Para minimizar riscos, o profissional deve realizar anamese detalhada, aspirar antes da injeção para evitar a administração intravascular e respeitar as doses máximas recomendadas.

Modo de Uso e Dosagem

A mepivacaína é comercializada em frascos ampolas para uso injetável, geralmente em concentrações de 2% e 3%. A dosagem máxima recomendada para adultos saudáveis é de aproximadamente 6,6 mg/kg, não ultrapassando 400 mg em um único procedimento.

Na odontologia, é comum o uso de ampolas de 1,8 ml, sendo adaptada conforme o tipo de anestesia e necessidade do procedimento. A técnica pode variar entre:

  • Infiltração local: para anestesia em regiões superficiais e tecidos moles.
  • Bloqueio de nervo: para áreas maiores e procedimentos mais invasivos.
  • Anestesia intrapulpal: para anestesiar diretamente a polpa dental.

É importante que o profissional esteja treinado nas técnicas para garantir eficácia e segurança.

Comparação com Outros Anestésicos Locais

A mepivacaína pode ser comparada com outros anestésicos locais como a lidocaína e a prilocaína:

CaracterísticaMepivacaínaLidocaínaPrilocaína
TipoAmidaAmidaAmida
Início de açãoRápido (2-3 min)Rápido (2-3 min)Lento (3-5 min)
DuraçãoIntermediária (30-90 min)Intermediária (30-90 min)Curta a intermediária (20-60 min)
Vasoconstrição naturalMenor que lidocaínaModeradaMenor
Uso com vasoconstritorSim ou nãoSimSim
Indicação especialPacientes com restrições aos vasoconstritoresProcedimentos geraisUso em anestesias tópicas e locais

Assim, a escolha entre anestésicos locais deve considerar as características do paciente e do procedimento, além das propriedades farmacológicas de cada fármaco.

Cuidados no Armazenamento e Manuseio

Como qualquer anestésico local, a mepivacaína deve ser armazenada em ambiente fresco, protegido da luz e de fontes de calor para preservar sua eficácia. As ampolas devem ser inspectadas para evitar o uso de produtos com aparência turva ou dano visível.

O descarte de materiais perfurocortantes deve seguir normas de biossegurança para evitar acidentes e contaminação.

Considerações Finais

A mepivacaína é um anestésico local valioso na odontologia, oferecendo equilíbrio entre eficácia, segurança e conforto para o paciente. Seu perfil farmacológico permite uso em diversos procedimentos, inclusive em pacientes com algumas contraindicações ao uso de vasoconstritores.

Para maximizar seus benefícios e minimizar riscos, é essencial que o profissional tenha conhecimento técnico adequado, realize avaliação prévia do paciente e respeite as doses recomendadas.

O constante avanço na pesquisa e desenvolvimento farmacêutico permite que anestésicos como a mepivacaína continuem a contribuir para a melhoria da qualidade no atendimento odontológico, garantindo o sucesso dos procedimentos e a satisfação dos pacientes.

Sthefany Storini

Sthefany Storini

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Estudante e Estagiária de Odontologia

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