A periodontia é uma especialidade da odontologia dedicada ao diagnóstico, tratamento e prevenção das doenças que acometem os tecidos de suporte dos dentes, como gengiva, osso alveolar e ligamento periodontal. Um dos instrumentos fundamentais utilizados pelos profissionais durante procedimentos periodontais é a cureta. Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise detalhada sobre as curetas para periodontia, abordando suas características, tipos, indicações, técnicas de uso e cuidados essenciais para otimizar os resultados clínicos.
O que são curetas para periodontia?
As curetas são instrumentos manuais projetados para remoção de cálculo dental subgengival e supragengival, desbridamento radicular e alisamento das superfícies dentais. São amplamente empregadas em procedimentos de raspagem e alisamento radicular, fundamentais para o tratamento da periodontite e outras condições inflamatórias gengivais. Sua estrutura permite um acesso preciso às áreas periodontalmente comprometidas, muitas vezes de difícil alcance com instrumentos convencionais.
Estrutura das curetas
Uma cureta típica possui três componentes principais:
- Cabos: geralmente confeccionados em aço inoxidável, apresentam formato arredondado e rugoso para melhorar a empunhadura e facilitar o manuseio durante o procedimento.
- Pescoço: é a parte que conecta o cabo ao ativo, podendo ter diferentes angulações para facilitar o acesso em áreas específicas da boca.
- Lâmina ou gume ativo: consiste em uma superfície cortante polida e afiada, com bordas arredondadas para evitar trauma tecidual durante a utilização.
Tipos de curetas para periodontia
Existem diversos tipos de curetas, que podem ser classificados de acordo com o seu formato, indicação clínica e área de aplicação. As principais categorias são:
Curetas de Gracey
As curetas Gracey são as mais utilizadas na periodontia e apresentam um design específico para cada área dos dentes. Cada número corresponde a um instrumento diferenciado, adequado para remover cálculo em regiões específicas, garantindo maior facilidade de uso e eficácia no tratamento. Por exemplo, a cureta Gracey 1/2 é indicada para dentes anteriores na face vestibular e lingual, enquanto a Gracey 11/12 é utilizada mais comumente em superfícies mesiais dos dentes posteriores.
Curetas universais
As curetas universais são instrumentos com lâminas simétricas e bordas ativas em ambos os lados, capazes de serem usadas em todas as superfícies dentárias. São indicadas para raspagem e alisamento radicular em diversas áreas, embora possam exigir maior habilidade para alcançar áreas difíceis devido ao seu formato. Exemplos comuns são as curetas de universais McCall e Barnhart.
Curetas específicas extras
Além das tipos universais e Gracey, existem outras curetas específicas para particularidades clínicas, como as curetas para cirurgia periodontal e as curetas para raspagem mais profunda em áreas difíceis, como furca ou raízes multiradiculares.
Indicações das curetas em procedimentos periodontais
As curetas são utilizadas principalmente em:
- Raspagem supragengival: remoção de cálculo visível acima da gengiva para controle da placa bacteriana.
- Raspagem subgengival: intervenção para eliminar cálculo e biofilme nas bolsas periodontais, essenciais para interromper o processo inflamatório.
- Alisamento radicular: técnica que visa deixar as raízes dos dentes lisas, evitando novas aderências bacterianas e facilitando a cicatrização dos tecidos.
- Remoção de tecido de granulação: em procedimentos cirúrgicos, as curetas podem ser usadas para retirar tecidos inflamados ou infectados.
Técnicas de uso das curetas
Para garantir eficácia e segurança na utilização das curetas, algumas técnicas devem ser rigorosamente aplicadas:
- Empunhadura: a empunhadura deve ser firme e controlada, normalmente usando o “pinça modificada”, para permitir precisão e minimizar a fadiga.
- Posicionamento: o profissional deve posicionar-se de maneira ergonômica, com boa visibilidade e acesso à região a ser tratada.
- Angulação da lâmina: para efetiva remoção do cálculo, a lâmina deve ser posicionada com ângulo entre 45° e 90° em relação à superfície dental.
- Movimentos: os movimentos devem ser curtos, controlados e dentro da bolsa periodontal, evitando traumatismos nos tecidos moles.
- Sequência: recomenda-se iniciar pelos dentes anteriores e depois avançar para os posteriores, garantindo uma abordagem meticulosa.
Cuidados e manutenção das curetas
A manutenção adequada das curetas é indispensável para preservar o corte da lâmina e garantir a segurança do paciente. Dentre os principais cuidados, destacam-se:
- Limpeza: as curetas devem ser limpas imediatamente após o uso para remoção de resíduos orgânicos e inorgânicos.
- Desinfecção e esterilização: seguir protocolos rigorosos conforme as normas vigentes para evitar contaminação cruzada.
- Afiamento: o gume da cureta perde o corte com o uso contínuo; o afiar periódico, realizado com pedras apropriadas, é essencial para desempenho ideal.
- Armazenamento: conservar os instrumentos em locais apropriados para evitar danos e oxidação.
Avanços e inovações nas curetas para periodontia
O desenvolvimento de novas tecnologias tem possibilitado o aprimoramento das curetas, incluindo o uso de materiais mais leves e resistentes, design ergonômico para o conforto do clínico e superfícies que facilitam a limpeza do instrumento. Além disso, algumas curetas incorporam acabamentos especiais que diminuem a aderência de biofilme no próprio instrumento.
Há também uma tendência crescente na utilização de curetas ultrafinas e miniaturizadas para atender necessidades específicas, como tratamento de bolsas periodontais profundas e áreas de difícil acesso, proporcionando menos desconforto e trauma aos tecidos.
Conclusão
As curetas para periodontia são instrumentos fundamentais no arsenal do profissional clínico para o tratamento das doenças periodontais. O conhecimento profundo sobre os diferentes tipos, suas indicações específicas, técnicas adequadas de uso e cuidados com a manutenção são essenciais para garantir o sucesso dos procedimentos, promovendo a saúde bucal do paciente de forma segura e eficaz.
Investir em capacitação contínua e atualização sobre as novas tecnologias aplicadas às curetas permite que os odontólogos aprimorem suas práticas clínicas, otimizando resultados e proporcionando maior conforto e satisfação ao paciente.




